quarta-feira, 26 de setembro de 2012

CRÔNICAS - A insônia



Preciso dormir, mas não consigo

Por: Daniel Santos


É tarde da noite, não consigo pregar o olho um só minuto. Ouço o barulho dos grilos do lado de fora da casa, cães ladram longe e o barulho ecoa na madrugada silenciosa e fria. O vidro do quarto está embaçado, tamanho o frio que emana lá fora. A cortina entreaberta deixa transpassar um facho de luz do poste da rua. Fecho a cortina. Ajeito-me, viro para a parede fecho os olhos. Nada. Viro para o outro lado, fecho os olhos. Nada. As horas passam. Ligo a televisão para tentar estimular o sono que insiste em não vir. No primeiro canal um pastor histérico quase me mata de susto com gritos descontrolados que me fazem refletir se Deus possui algum distúrbio auditivo. Na outra emissora um filme que parece interessante com explosões, tiros e perseguições, mas ao retornar do intervalo percebo que está no fim e não consigo entender a história. Em outro canal há vendas de produtos que prometem absurdos desde perder barriga sem exercícios, churrasco sem fumaça entre outras “utilidades” que não utilizaremos nunca. Desisto da televisão. Vou à cozinha, abro a geladeira, mas nada me apetece. Abro um livro, leio várias páginas e a insônia permanece firme. Miro o relógio, são quatro da manhã. Olho para meu despertador que está programado para “me acordar” as seis e o sentimento de impotência me toma. Por que será que quando precisamos levantar cedo e temos um compromisso onde devemos estar bem dispostos a insônia maldita nos assola? A essas horas por mais que o sono venha trará um impasse. Ir dormir os poucos minutos que restam e correr o risco de perder a hora do importante compromisso? Ou ficar acordado e potencializar minha cara de cansado? (quem nunca passou por esse dilema?). O medo de perder a hora me faz optar pela segunda opção. Desligo o despertador, já que estou acordado e a função do prestativo eletrodoméstico se torna inútil. Ando pela casa feito uma alma penada. Sento-me no sofá e bocejo. Ah não! Agora quem não quer dormir sou eu! Penso em voz alta como que intimando meu sono. Mesmo relutando, caio no sono. Acordo num salto com o barulho dos pássaros e com o sol forte invadindo a casa por todas as frestas das janelas. Olho o relógio. Não acredito. Parece que cochilei por uns quinze minutos, mas não. São nove horas da manhã. Perdi o compromisso.

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