Preciso
dormir, mas não consigo
Por:
Daniel Santos
É tarde
da noite, não consigo pregar o olho um só minuto. Ouço o barulho dos grilos do
lado de fora da casa, cães ladram longe e o barulho ecoa na madrugada
silenciosa e fria. O vidro do quarto está embaçado, tamanho o frio que emana lá
fora. A cortina entreaberta deixa transpassar um facho de luz do poste da rua.
Fecho a cortina. Ajeito-me, viro para a parede fecho os olhos. Nada. Viro para
o outro lado, fecho os olhos. Nada. As horas passam. Ligo a televisão para
tentar estimular o sono que insiste em não vir. No primeiro canal um pastor
histérico quase me mata de susto com gritos descontrolados que me fazem
refletir se Deus possui algum distúrbio auditivo. Na outra emissora um filme
que parece interessante com explosões, tiros e perseguições, mas ao retornar do
intervalo percebo que está no fim e não consigo entender a história. Em outro
canal há vendas de produtos que prometem absurdos desde perder barriga sem
exercícios, churrasco sem fumaça entre outras “utilidades” que não utilizaremos
nunca. Desisto da televisão. Vou à cozinha, abro a geladeira, mas nada me
apetece. Abro um livro, leio várias páginas e a insônia permanece firme. Miro o
relógio, são quatro da manhã. Olho para meu despertador que está programado
para “me acordar” as seis e o sentimento de impotência me toma. Por que será
que quando precisamos levantar cedo e temos um compromisso onde devemos estar
bem dispostos a insônia maldita nos assola? A essas horas por mais que o sono
venha trará um impasse. Ir dormir os poucos minutos que restam e correr o risco
de perder a hora do importante compromisso? Ou ficar acordado e potencializar
minha cara de cansado? (quem nunca passou por esse dilema?). O medo de perder a
hora me faz optar pela segunda opção. Desligo o despertador, já que estou
acordado e a função do prestativo eletrodoméstico se torna inútil. Ando pela
casa feito uma alma penada. Sento-me no sofá e bocejo. Ah não! Agora quem não
quer dormir sou eu! Penso em voz alta como que intimando meu sono. Mesmo
relutando, caio no sono. Acordo num salto com o barulho dos pássaros e com o
sol forte invadindo a casa por todas as frestas das janelas. Olho o relógio. Não
acredito. Parece que cochilei por uns quinze minutos, mas não. São nove horas
da manhã. Perdi o compromisso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário