Se
existe um lugar que é peculiar por reunir diferentes perfis é a academia.
Pessoas de diferentes biotipos e portes físicos buscam alcançar o “corpo
perfeito”. Com a chegada do verão todos botam a mão no bolso e pagam academia
para melhorar sua autoestima e fazer as pazes com o espelho e/ou com a balança.
Os gordinhos chegam tímidos e querendo perder peso, os magrinhos também
acanhados chegam querendo ganhar massa muscular. Os bombados que já são ratos
de academia (que trocadilho insano), chegam para desanimar os demais com seu
físico de seguranças de balada construído por “suplementos milagrosos”. Dia
após dia, os que almejam o ganho de massa muscular lutam contra seus próprios
limites, aumentando constantemente os pesos das anilhas e beirando um enfarte
evidenciado pelas veias saltadas do pescoço. Os bombados invariavelmente com o
ego inflamado, chegam de camiseta regata e ficam se admirando nos espelhos e
quando pegam peso, quase deixam os demais sem anilhas. Os magrinhos em geral ou
malham em horários em que há pouca gente ou ficam isolados no canto da
academia, olhando ora para os bombados com um olhar de inveja, ora para seus próprios
corpos esguios com um olhar de desânimo. Os gordinhos em geral são fortes, mas
preguiçosos, quando erguem peso não o fazem com entusiasmo e quando vão para a
esteira ou bicicleta, andam em velocidade excessivamente lenta e sequer transpiram.
Existem também aqueles que aparecem, malham uma semana, ficam uma semana doloridos
em casa e desistem. Outros tipos também curiosos são o empata peso, que não
pode ver alguém iniciar uma sessão que aparece querendo “revezar” e o agourento
que fica agourando, torcendo para que alguém não aguente com o peso para que
ele “salve”. Alguns professores também são hilários, pensam que só há
maratonistas e atletas na sua turma, intensificam os exercícios ao som de
músicas eletrônicas chatas e repetitivas e insistem em animar seus comandados que
já estão quase desmaiando com estímulos do tipo, “vamo lá pessoal, só mais 20
minutinhos!” Algumas pessoas de idade aparecem esporadicamente, cumprem o
ritual de malhar 10 ou 15 minutos e saem com o sentimento de dever cumprido e a
sensação de que tiveram suas vidas prolongadas em 20 anos. Entre as mulheres, onde
a concorrência já é habitual, as que possuem um derriére avantajado e uma
barriga tanquinho, são as que conquistam o ódio mortal das “colegas” que não
foram agraciadas pela mãe natureza. Por mais que a inveja aflore e o narcisismo
transcenda o que realmente importa é a busca pela saúde e não pela beleza, pois
a beleza é efêmera e passageira enquanto a saúde é duradoura e longeva.
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