sexta-feira, 26 de outubro de 2012

CRÔNICA - A Academia




Se existe um lugar que é peculiar por reunir diferentes perfis é a academia. Pessoas de diferentes biotipos e portes físicos buscam alcançar o “corpo perfeito”. Com a chegada do verão todos botam a mão no bolso e pagam academia para melhorar sua autoestima e fazer as pazes com o espelho e/ou com a balança. Os gordinhos chegam tímidos e querendo perder peso, os magrinhos também acanhados chegam querendo ganhar massa muscular. Os bombados que já são ratos de academia (que trocadilho insano), chegam para desanimar os demais com seu físico de seguranças de balada construído por “suplementos milagrosos”. Dia após dia, os que almejam o ganho de massa muscular lutam contra seus próprios limites, aumentando constantemente os pesos das anilhas e beirando um enfarte evidenciado pelas veias saltadas do pescoço. Os bombados invariavelmente com o ego inflamado, chegam de camiseta regata e ficam se admirando nos espelhos e quando pegam peso, quase deixam os demais sem anilhas. Os magrinhos em geral ou malham em horários em que há pouca gente ou ficam isolados no canto da academia, olhando ora para os bombados com um olhar de inveja, ora para seus próprios corpos esguios com um olhar de desânimo. Os gordinhos em geral são fortes, mas preguiçosos, quando erguem peso não o fazem com entusiasmo e quando vão para a esteira ou bicicleta, andam em velocidade excessivamente lenta e sequer transpiram. Existem também aqueles que aparecem, malham uma semana, ficam uma semana doloridos em casa e desistem. Outros tipos também curiosos são o empata peso, que não pode ver alguém iniciar uma sessão que aparece querendo “revezar” e o agourento que fica agourando, torcendo para que alguém não aguente com o peso para que ele “salve”. Alguns professores também são hilários, pensam que só há maratonistas e atletas na sua turma, intensificam os exercícios ao som de músicas eletrônicas chatas e repetitivas e insistem em animar seus comandados que já estão quase desmaiando com estímulos do tipo, “vamo lá pessoal, só mais 20 minutinhos!” Algumas pessoas de idade aparecem esporadicamente, cumprem o ritual de malhar 10 ou 15 minutos e saem com o sentimento de dever cumprido e a sensação de que tiveram suas vidas prolongadas em 20 anos. Entre as mulheres, onde a concorrência já é habitual, as que possuem um derriére avantajado e uma barriga tanquinho, são as que conquistam o ódio mortal das “colegas” que não foram agraciadas pela mãe natureza. Por mais que a inveja aflore e o narcisismo transcenda o que realmente importa é a busca pela saúde e não pela beleza, pois a beleza é efêmera e passageira enquanto a saúde é duradoura e longeva.



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